Há muito tempo que não tenho inspiração para participar de blogagens coletivas, mas hoje é um assunto especial e os acontecimentos das últimas semanas, lá no Brasil e na web, fizeram eu vestir a camisa de mãe e sair à luta por uma causa muito importante: a amamentação.
Para quem quiser ficar por dentro de tudo que aconteceu pode ler aqui, aqui e aqui. Essas blogueiras contam tudinho sobre a origem do movimento do mamaço, que continua rolando em várias capitais brasileiras. Como não gosto de discutir temas políticos aqui no blog, resolvi escolher um ângulo mais pessoal para este post.
Amamentar é um ato lindo, uma relação de amor entre mãe e filho, uma relação de confiança e cumplicidade que se constrói pouco a pouco. Eu lembro direitinho do primeiro dia em que peguei meu filho nos braços para dar de mamar. Nós dois éramos completamente inexperientes, tentando encontrar uma maneira de conectar - eu lutando para saciar sua fome, ele lutando para sobreviver.
Já sei que parece exagero esse papo de sobrevivência, já que se eu não fosse capaz de amamentá-lo poderia utilizar outros recursos disponíveis, mas para mim, eu gostava de pensar que além de ter sido fonte de vida para meu filho durante as 38 semanas que ele esteve dentro de mim; também fui quem o protegia nestes primeiros dias de vida neste mundo estranho e frio, tão diferente daquele outro, escurinho e quentinho dentro do meu útero. Também lembro de como sofri no dia em que decidi deixar de amamentar nosso little man, uma escolha difícil e solitária, que demorou vários dias e que se concretizou definitivamente na semana em que voltei a trabalhar.
Amamentar foi difícil - primeiro vem a dor, depois a mastite, depois vem o leite que vaza no meio da rua, passar meia hora tirando leite na maquininha, passar pomada porque o bico tá rachado e, na minha opinião o mais complicado - parar tudo o que está fazendo para dar de mamar a cada hora e meia aproximadamente. O cansaço era tanto que muitas vezes acabei dormindo com o Max no braço mamando.
Amamentar na rua também não é nada fácil, já que faz barulho, o povo fica olhando, o banco da praça não é nada confortável, a blusa aperta e te deixa com a barriga toda de fora (meio constrangedor) e, o pior de tudo, em alguns lugares, está proibido.
Não entendo como podem proibir amamentar em público. Não entendo como podem querer ridicularizar as mulheres insinuando que gostam de se exibir e utilizam a amamentação como desculpa para mostrar os seios em público. Pior ainda, me revolto quando um marmanjo ignorante e preconceituoso como o apresentador do CQC, fala de boca cheia em horário nobre da televisão brasileira, que as mulheres deveriam amamentar no banheiro público. Com certeza ele não come no banheiro come? Então por que os bebês deveriam? Certamente este indivíduo não é pai, e se for é daquela velha escola machista que acha que lugar de mulher é no tanque lavando as cuecas de outros crápulas como ele.
Vou parar por aqui, já que meu objetivo não é acusar esse sujeitinho mediocre mas sim exaltar a beleza do ato de amamentar, seja em casa, seja no trabalho, seja na rua, seja onde seja. Eu apoio o movimento das mães brasileiras e espero que os homens também vistam esta camisa e apoiem o direito das mulheres a amamentar seus filhos onde elas bem entendem.
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